A diabete é uma doença crônica e progressiva que exige um alto comprometimento da pessoa com o tratamento. Porém, mantê-la sob controle é difícil. A partir do diagnóstico, uma série de mudanças no estilo de vida precisa ser adotada, o que pode ser radical para alguns. Por conta disso, muitos não conseguem atingir níveis adequados de glicemia e correm risco de desenvolver complicações. Segundo a Federação Internacional de Diabete, o Brasil tem 16,8 milhões de adultos, entre 20 e 79 anos, convivendo com a enfermidade. O estudo Binder, realizado no País com 2,5 mil pessoas maiores de 18 anos, que têm diabete tipos 1 e 2, mostrou que 55,8% delas estão com a doença fora de controle. A investigação, a pedido da Sanofi, ocorreu em 43 cidades brasileiras.

Os pesquisadores chegaram a essa conclusão por meio dos resultados dos testes de hemoglobina glicada (HbA1c), que mede o nível de glicose (açúcar) dos três meses anteriores à coleta de sangue. O exame avalia a porcentagem de hemoglobina, presente na corrente sanguínea, ligada à glicose. Por padrão, o ideal é que a HbA1c seja mantida abaixo de 7% ou dentro de uma meta individualizada, de acordo com o perfil da pessoa. No estudo, 44,2% dos participantes estavam dentro dos níveis esperados. Vale ressaltar que 91,9% da amostra era de indivíduos com o tipo 2 da doença. […]

Uma pesquisa de 2017 feita pelo Ibope Inteligência com 145 pessoas com diabete mostrou que o maior medo delas em relação à doença é amputar algum membro, indicado por 32%. O mesmo porcentual foi visto para o risco de ficar cego. Os menores medos são ter alguma doença cardíaca (3%) ou restrição alimentar (2%). Os resultados indicam que poucos sabem das complicações cardiovasculares da enfermidade, mas elas são a principal causa de morte nesse público. A adesão ao tratamento é extremamente importante para que a doença não saia dos eixos — e não estamos falando apenas de aplicação de insulina. Em alguns casos, é preciso injetar ou ingerir medicamentos, mudar a alimentação, começar ou adaptar a prática de exercícios físicos e, para todos, monitorar o nível de glicose. Todas essas alterações podem ser difíceis, mas são possíveis. […]

O endocrinologista Fernando Valente, coordenador dos Ativos de Comunicação da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), destaca a atuação do profissional na importância do tratamento. Quando se fala em mudanças de hábitos, é ainda mais essencial. “Se o profissional de saúde coloca proibições, toda proibição gera falhas. A orientação tem de ser no sentido de fazer parte da rotina. Tudo é negociável, principalmente se o paciente tiver bom controle glicêmico”, afirma. […] Fonte: https://emais.estadao.com.br/noticias/bem-estar,estudo-sobre-diabete-expoe-mau-controle-da-doenca-entre-brasileiros,70003104578